Os erros mais comuns ao negociar com editores

O texto a seguir é de Maria Fernanda Rodrigues e foi extraído do site do Estadão. Ele traz excelentes dicas sobre como os autores (não) devem negociar os direitos de seus livros. Confiram!

“O processo de negociação de um livro envolve muita ansiedade e alguns erros de percurso podem ser evitados. É preciso ter calma e saber que o tempo de análise da editora é lento. A pressa e a cobrança por uma resposta podem antecipar uma recusa. Mas é importante saber, também, que o caminho tradicional não é o único e que hoje, com tantas plataformas de autopublicação, lançar um livro é fácil. Portanto, quem não fizer questão de publicar por uma editora tradicional pode ter o livro em mãos num curto período de tempo?—?pagando ou não. Divulgar, distribuir, ser descoberto e vender são outros quinhentos e o trabalho será árduo.

Os editores Carlos Andreazza, do Grupo Record, e Eduardo Lacerda, da Patuá; a agente literária Marianna Teixeira, da MTS; o presidente do Clube de Autores, Ricardo Almeida; e a publisher da Livrus, Chris Donizete, comentam os erros e as ansiedades e dão dicas para quem pretende tirar um original da gaveta.

ERROS COMUNS

A maioria das editoras tem orientações em seus sites sobre como mandar originais. E é primordial conhecer a linha editorial das casas antes de entrar em contato. ‘Talvez o maior erro seja não ler corretamente as orientações para envio de originais. Por exemplo, uma editora deixa explícito em seu FAQ que não publica livros de autoajuda ou jurídicos ou poesia, mesmo assim o autor se desgasta enviando seu original para essa editora, liga pedindo a avaliação do original, acaba se irritando com a negativa, mesmo que a negativa seja explicada já anteriormente ao envio do original. Outro erro comum, até engraçado, é que muitos autores enviam o original com cópia aberta para dezenas de editoras ao mesmo tempo’, comenta Eduardo Lacerda.

Outro erro, segundo Lacerda, é enviar o original focando na própria expectativa de vendas expressivas, de sucesso imediato. ‘É um direito do autor criar essa expectativa, mas é antecipar uma frustração considerando que mesmo autores publicados por grandes editoras têm enormes dificuldades para viver apenas de venda de livros’, completa.

Para Marianna Teixeira, o autor não pode ser arrogante e pretensioso. ‘Tem que entender que o agente ou o editor estão apostando no trabalho dele e que todos estarão em busca dos melhores resultados. Também é preciso saber ouvir e ter disposição de trabalhar duro’, diz.

O escritor precisa entender que escrever a história é apenas o primeiro passo. Ele precisa saber construir a sua audiência, mantê-la próxima, bem cuidada e sempre engajada.

‘Se a pessoa me mandou um e-mail e eu respondi dizendo que vou avaliar e que vou entrar em contato, isso vai acontecer?—?mas pode demorar. Então, não tem problema nenhum essa pessoa escrever ou ligar perguntando se eu esqueci o livro. Mas se ele insiste e cobra muito, ele vai precipitar uma resposta minha liberando, sugerindo que ele procure outra editora se tiver muita pressa. Não é que a pessoa deva entregar o livro na editora e não fazer um controle disso, mas é importante que ele se informe um pouco sobre a dinâmica desse mercado, saiba quantos livros a editora publica por ano, para entender como é o processo de seleção para chegar nessa peneira tão restrita’, explica Carlos Andreazza.

AUTOPUBLICAÇÃO

Para Ricardo Almeida, presidente do Clube de Autores, o grande erro de quem opta pela autopublicação é acreditar que basta publicar e esperar que as vendas aconteçam. ‘O mercado não é mais assim. Para falar a verdade, acho que jamais foi. O escritor precisa entender que escrever a história é apenas o primeiro passo. Ele precisa saber construir a sua audiência, mantê-la próxima, bem cuidada e sempre engajada. Se conseguir fazer isso, terá um caminho brilhante pela frente.’

‘Ansiedade gera erros. Muitas vezes o autor atropela o processo. Muitos marcam lançamentos antes da obra sequer ter entrado em gráfica. Há autores que chegam até nós, com originais que julgam prontos para a publicação e na lida do primeiro parágrafo já encontramos erros gramaticais’, aponta Chris Donizete, publisher da Livrus.

Para quem quer publicar um livro neste momento, Marianna Teixeira diria: ‘Você vai começar a se tornar um autor quando for publicado. Ou seja, quando o seu trabalho se tornar público. Isso demanda não somente talento, mas trabalho, obstinação e paciência. Então seja bastante rigoroso com o que vai apresentar aos leitores. Eles são muito exigentes. Acredite, ser escritor não é para os fracos’.

Já Eduardo, ‘que atualmente publicar um livro é extremamente simples e barato, quando não é de graça. Que muitas das pequenas editoras podem fazer um trabalho tão importante, de qualidade e relevante quanto as grandes. E que o trabalho com a literatura e com o livro é um trabalho que só dá resultados a longo prazo e que é um trabalho para muitas mãos. Que editores e editoras, ao mesmo tempo que hoje são desnecessários para quase todos os processos de feitura do livro, ainda podem (e devem) surpreender e ser sempre um parceiro do escritor’.”

Fonte: cultura.estadao.com.br.

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