019 | Moleskine

Delmo Montenegro foi o responsável por me apresentar aos bloquinhos Moleskine. Não fazia a menor ideia de sua história: que eram preferidos por Hemingway e Picasso. Fetiche, claro. Mas pior que os bloquinhos são lindos mesmo, e resistentes. Caros, sim são caros! E isso faz com que você tenha medo de perder o seu. Comprei um pacotinho com 3, capa cor madeira, costurados na lombada. Lindos. Escrevi um poema (posto em breve), falando sobre esse fetiche em torno ao caderno, como se o  caderno é quem fizesse o escritor e não o contrário. De uma forma ou de outra, os donos da Moleskine souberam usar a mística em torno à marca, dada por esses escritores. Será que Hemingway deixou uma carta suicida num caderninho desses? Nem sei se deixou carta. Esquece.

Mas essa coisa do fetiche é interessante. Na literatura, mais ainda. O Sarapateliterário já foi acusado, segundo um amigo, de ser uma ‘possibilidade de fetichização da literatura’. Já falei sobre isso aqui. De qualquer forma, aquela caneta preferida, o lugar para escrever, o caderninho, todos esses rituais fazem parte do prazer de escrever, não sei. Não vai faltar quem vai me acusar de porco consumista ou de dominado pelo capitalismo, mas não sei se é bem isso. Esse fetiche é fruto da sociedade de consumo, não há dúvida, mas se transformaria em outra coisa se a sociedade fosse outra. Quem quer tirar todo o glamour da escrita, transformando apenas em suor, suor, suor, vai achar uma bobagem o que digo, mas ainda me apego a esses rituais – escrever primeiro nos bloquinhos, mil versões, passar pro computador já deixando o livro no formato que quero, alimentar o blog com novidades sobre o que escrevo. Tudo isso faz parte.

Tá bom já de fetiche. Não sou consumista. Não tenho fetiches.Vou pegar minha caneta Slim A3 (0.5) e escrever uns poeminhas para a posteridade no meu novo bloquinho Moleskine. Daqui a vinte anos, leiloá-los-ei por uns US$ 12 no Ebay.

Creative Commons License photo credit: woordenaar

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