CARREIRA

Busque em si mesmo o motivo que o leva a editar. Examine sua alma e confesse: morreria, se não pudesse editar? Acima de tudo, pergunte a si mesmo na hora mais tranquila da manhã — antes dos e-mails com originais natimortos —, “sou mesmo forçado a editar?” Se a resposta for “sou”, construa sua carreira de acordo com essa necessidade… Ou melhor: ignore toda essa baboseira romântica e seja o melhor editor que pode.

Você pode viver sem editar, mas se acredita que pode viver sem literatura, mude de ramo. Não engula essa de “as obras de arte são de uma solidão infinita”. Alguns escritores usam essa desculpa para se proteger das críticas. Preserve seu olhar, respeitosamente, mas com firmeza. Seus autores e autoras vão agradecer, garanto.

PARÊNTESE

Cartas a um jovem editor (2)

Deixemos algo claro: o hiperônimo “editor” é um guarda-chuva sob o qual cabem muitas designações. Há editores-livreiros, editores-publishers, editores- -leitores, editores-autores etc. Descubra qual deles você é e vá em frente.

Se, no meio do caminho, descobrir que tem outra faceta, não tema assumi- -la. Quem é sempre o mesmo durante a vida toda? Só evite o editor-confete. Esse não serve.

DESPEDIDA

Cartas a um jovem editor (3)

A bibliodiversidade é essencial para a defesa da democracia. Nos últimos anos vimos uma maior presença feminina nas listas de prêmios e eventos, mas precisamos falar sobre diversidade editorial.

Revise as notícias do mercado e tente traçar o perfil do editor médio brasileiro. Há mais mulheres que há alguns anos? Claro. Mas veja, por exemplo, quão brancos(as) ainda somos. Aliás, quantos editores indígenas você conhece? Editores negros independentes como Berimba de Jesus (SP) ou Fred Caju (PE) estão lutando, mas olhemos os quadros das grandes editoras, as cerimônias de premiação, as festas na Flip. Falta muito, não é? A partir de dezembro, a coluna Mercado Editorial passa a ser assinada pelo jornalista e editor Diogo Guedes. Agradeço a todos pelas trocas. Avante!

Texto publicado originalmente na coluna Mercado Editorial, do Suplemento Pernambuco,  de novembro de 2019.

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