Decidi ir publicando alguns poemas do [desvirtual provisório], reescrevendo-os. Esse poema é um dos que eu gosto do livro. Lembro de tê-lo escrito após assistir ao filme Babel. Embora goste dele até hoje, sempre me incomodaram alguns versos, como “Te vejo, mundo/ esmagado na tela”, que me pareciam muito óbvios e lineares. Cada vez acredito que para um poema menos é mais. Segue a versão mais recente de [BABEL].

[BABEL]

É tamanha a solidão

ilha

E tu a meu lado

ilha

E tu a meu lado

É a língua do silêncio
a do meu tempo
É a sala de espera do vazio
o tempo

O mundo
tela esmagada
Mundo
simultâneo
multiplicado

E tu a meu lado

ilha

E tu a meu lado
É tamanha a solidão

ilha

É tamanha a solidão

E essa torre
meu dia-a-dia
Essa torre
que somos, náufragos

Esse sonho
que abandonamos
escotilha
para outro sonho
roubado

E tu a meu lado

ilha

E tu a meu lado

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