“Bem, mas e se eu não quiser garimpar, se eu não me interessar em verificar minhas opiniões sobre esses novos autores?”. Ora, um crítico pode ter seus interesses específicos. O que, no entanto, pode dar no questionamento também natural: “por que não fica na sua especificidade, já que não está interessado em fundamentar opiniões sobre literatura contemporânea”?

Todas as perguntas são legítimas, desde que não interditem os questionamentos alheios. Assim como são naturais as réplicas. Provocar melindrosamente é ser aquele menino dono da bola, que gosta de cantar o jogo, mas, se levar uma chamada, toma a pelota e acaba com a pelada.

Particularmente, minha preocupação é tão só estimular que esta geração receba um mínimo de tempo, leitura e honesta avaliação. Que não seja condenada no ventre. Nem esteja, já ao cair na mesa de parto, sob julgamento por não ter a consciência crítica e criativa desses senhores com duas dezenas de livros publicados.

Normal que os que envelhecem decretem a morte da literatura, ou pelo menos o seu ocaso iminente. Sempre foi assim. Dado novo é o adesismo de tantos jovens, comprando o prato feito, engrossando as fileiras dos coveiros-sessentões.

Quanto à novidade, sempre foi também rara em literatura. Mesmo em nosso ciclo modernista, que nasceu de um esforço de atualização da sensibilidade artística, teve alguns poucos inovadores, contados nos dedos da mão do presidente (ops, que deselegância a minha). Os demais, seguiam a boiada.

Visões de mundo particulares e força imaginativa (para entrarmos nessa seara que é impressionista, quando não desenvolvida) são igualmente construídas com o tempo. Geralmente, se olharmos maioria dos autores respeitados, o que vem primeiro é uma nítida vocação narrativa ou lírica, um domínio da escrita que lhes permitiu lentamente edificar estilo e universo de temas, lentes.”

Cristiano Ramos, no blog do Café Colombo.

Acho que é isso, por enquanto.

Recife, 04 de janeiro de 2010.

4 Comentários
  • Luz
    Postado às 19:05h, 14 janeiro Responder

    Oi Wellington, você não me conhece, mas frequentei o Laboratório (um excelente projeto por sinal!Parabéns!) e também a freeporto. Sou apenas um aluna do curso de letras,mas uma amante da literatura e acredito que meu comentário seja válido. A freeporto deixou algumas coisas a desejar,mas não sou eu quem vai dizer o que estava certo ou errado,até porque não faço esse “gênero não vi,não gostei”,só acho que certas críticas (como as que foram citadas nessa carta a Fábio) devem ser aceitas com maturidade, coisa que eu não vi. Me perdoe se estou sendo petulante. Sou jovem(22 anos) e também acho que a literatura não deve feder a mofo,mas não é qualquer coisa que é literatura(falo isso de ALGUMAS apresentações que vi no sábado, é delas que falo pois foi as que vi). Talvez se a freeporto ao invés de festa literária fosse uma festa cultural,certas apresentações fossem cabíveis e ai algumas críticas não incomodassem tanto. Sinceramente achei de um tom muito infantil essa sua carta, e realmente me surpreendi com sua atitude, não espereva isso. Espero que não crie inimizades, é apenas um comentário de quem não faz parte do meio, apenas ama literatura e está vendo as coisas “de fora”.

    • Wellington de Melo
      Postado às 07:13h, 15 janeiro

      Olá, Wanessa.
      Que bom que participou do Laboratório. Este ano teremos a segunda temporada. Na próxima semana a primeira temporada passa a ser exibida na TV Pernambuco.
      Sobre as cartas, infelizmente você não vai poder ter a dimensão de toda a discussão, pois pois as duas pessoas que teceram as ‘críticas’ apagaram deliberadamente seus perfis para que não se visse o ‘tom’ deles. Se achou o meu infantil, se surpreenderia com o que encontraria ali.
      De qualquer forma, nós, que tentamos realizar qualquer evento, não pelo dinheiro, porque não ganhamos um centavo com a FreePorto, sempre estamos sujeitos à crítica e isso é muito normal. E não se preocupe com isso de idade: não é a idade que diz quem é capaz ou não de realizar as coisas, muito menos um título universitário.
      Espero que continue participando desses eventos, mas não se esqueça: eles não são literatura e, toda a crítica que se faz a eles não pode obscurecer a produção de quem está envolvido neles. Toda crítica literária se faz a partir dos textos. Minha carta era nesse sentido: para que as críticas voltassem ao texto e não à ‘vida literária’.
      Abração e volte sempre.

  • Wellington de Melo
    Postado às 14:54h, 05 janeiro Responder

    Vi seu comentário no blog do Café Colombo e respondi por lá também. Bom esclarecimento. Acho que por esse caminho vamos bem. Remeterei o livro em breve. Abraço!

  • Eduardo Cesar Maia
    Postado às 16:46h, 04 janeiro Responder

    Opa, Wellington,

    Como vai?

    Terei o maior prazer e interesse em ler seu livro.
    Respondi teu comentário lá no blog do Café…

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