ALIBRI

A seis minutos a pé da Plaza de Catalunya fica a Alibri Llibrería. Não há estacionamento, mas três vagas do bicicletário estão livres. A fachada de listras verdes e pretas é discreta e sóbria. Laços amarelos gigantes dos independentistas enfeitam janelas do edifício antigo, onde, no térreo, fica a livraria.

Quero presentear um amigo com exemplares d’O pequeno príncipe e há uma estante só dele, com edições em línguas impensáveis. Então pergunto à atendente pelas edições mais esdrúxulas. “Acabamos de vender uma em klingon”, ouço, decepcionado.

Em seguida tiro fotos e mando ao amigo, que escolhe, do outro lado do Atlântico, ao vivo, o que quer. “Vocês têm uma seção de crítica?”, pergunto depois de escolher. “Sim, mas é com outro atendente, eu o levo até lá.”

FESTA

Livros e flores amarelas

O Dia Mundial do Livro se celebra em 23 de abril, reza a lenda, porque Shakespeare e Cervantes morreram nessa data em 1616. É também o dia de San Jordi, padroeiro da Catalunha, onde a festa envolve dar livros e rosas.

García Márquez morreu em 17 de abril de 2005. E se fosse esta a nossa data de celebrar o livro, quando daríamos livros e flores amarelas, sem santos? Será?

CONSUMO

Em defesa das livrarias de rua

Na seção de crítica, o atendente está só, lendo, quando chego. Com o laço amarelo na camisa, dedica toda a atenção, mesmo eu falando em espanhol, e sabe muito sobre os livros que vende. Na volta, passo pela seção infantil, encontro um jogo narrativo de dados e decido levá-lo para meu filho.

Quando venço as tentações e chego finalmente ao caixa, já é noite. Já perto da entrada, uma roda de conversa ou um lançamento. A impressão é de que todos se conhecem. A caixa não me apressa quando decido voltar e incluir outro livro na conta, mas sorri e diz que vão fechar.

A Alibri foi fundada em 1925, descubro depois. Caminhando de volta ao hotel, tento lembrar a livraria de rua mais antiga que conheço. A Palavraria, de Porto Alegre, fechou em 2016. Faz frio em Barcelona.

Texto publicado originalmente na coluna Mercado Editorial, do Suplemento Pernambuco,  de abril de 2019.

Sem comentários

Comente