Por Thiago Pininga

A equação peso/medo poderá ser resolvida? Veremos. Antes, porém, cabe a pergunta: qual é o resultado? ou ainda, serve para quê?

Todo livro se inicia por um título, a peso de medos. O artigo é definido – definitivo – não é qualquer “um peso” mas “o peso”. Qual?… deixemos em suspenso. Complementos “do medo” nos dão uma pista. Medo é sempre incomensurável. E peso sem objeto para pesar não é peso. O que é?

Objetivo. Mais que medir um objeto pretende-se dar um objetivo a ele. E necessita-se também de um sujeito para dar os objetivos. É o caso do poema que se intitula com o nome do autor, Wellington de Melo.

Dada a equação inicial peso/medo cabe ao poeta oferecer o sinal de “igual a” (alguns dirão mimético) restando ao leitor colocar um “xis” em cada poema. Não necessariamente um “xis”. Pode ser um “o” no caso do poema “J rge”; ou ainda um “a” em “c rlos” e “pas rgada”. Pode ser até mesmo caso de sinais de pontuações! Quer exemplo maior do que no poema de abertura arte poética? Poesia e Física ocupam o mesmo lugar no espaço.

No livro ainda sobrevivem 30 poemas em fúrias. Bom lembrar que Fúrias também significam aquelas entidades da sociedade romana que personificavam a vingança. Mais: na sociedade romana havia tanto receio delas que chagavam a denominá-las de outros modos, com medo de atrair. Oh! Suas Fúrias não passaram despercebidas, Poeta. Evocaste estas entidades sem medo de pronunciar seus verdadeiros nomes. Eis o seu objetivo, muito mais que seu objeto!

Acabou-se o suspense: aquilo que esteve em suspenso só pode ser mesurado depois que cai, somada sua gravidade. Foi medido – sem comedimento – porque alguém nos disse, deixando o medo pisar no chão, com o artifício de amarrar as palavras leves, abstratas, teóricas, platônicas às palavras pesadas, do cotidiano, do “pragma”, da ação.

Publicada no e-zine PQ? #3

Link original: http://www.overmundo.com.br/banco/pq-3

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