Poema do livro “o peso do medo 30 poemas em fúria”.

I. cão

cão em ruínas emolduradas passa prosa por pátio roça focinho em pé de moço cão osso que não chega moço bala em cabeça amigo de todo dia osso em marmita todo dia essa hora osso agora silêncio ossos de moço bebendo som de sirene

II. bala

quando o sorriso se desmanchou na incandescência da bala quis devolver meu medo naquela tarde os sonhos eram multidão a paz zen-budismo no engarrafamento paz solidão nem todo aço para o chumbo nem todo amor para a bala nem todo o medo para a fúria o medo para a fúria é nada

 

III. bote

sol no lombo fúria no copo suor no corpo  medo no olho paralisado do outro eu desse lado o outro torando aço dia escaldado calma dia macerado dia escorrido sol no lombo fúria no corpo suor no copo o outro parado na parada não é outro sou eu e o dia escapa a sorte resvala o bote certeiro o dia inteiro na palma da mão o cão ainda espera o moço o outro saca o ferro uma bala sem dono outra bala cavalgando o sonho alheio o olho sem sombra uma sílaba sem verbo sem ver o bote a verdade verde no canto da boca nas ruínas na construção cão chão moço e nada e nada e nada

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